Luminescência
Gil Madeira

 

« Isto de que existe a visão é o visível. Visível é a cor, também o que pode ser designado por palavras, embora encontre-se anônimo – e ficará mais claro do que falamos à medida que avançarmos. Pois o visível é a cor, e esta é o que recobre o visivel por si mesmo (por si mesmo nao quanto à definiçao, mas porque tem em si a causa de ser visivel). Toda e qualquer cor é aquilo que pode mover o transparente em atulidade, e esta é a natureza da cor. Por isso não existe visivel sem luz, e toda cor de cada coisa é vista na luz » Aristoteles, de anima 418a26 p 87

O objeto central da prática de Gil Madeira é a cor. Dentro de seu processo, a pintura é campo de discussão de dois topos: luminosidade e materialidade. Longe de circundarem apenas as possibilidades de representação da luz, estas obras questionam a posição da pintura num mundo em que o principal meio de difusão e fruição de imagens é virtual.

Dando continuidade à sua pesquisa, as obras aqui expostas são objetos de estudo que investigam a percepção dos movimentos, efeitos e variações pictóricas da luz. As formas e cores são exploradas através de softwares digitais para então ganharem corpo nas camadas da pintura. A cor/tinta como suporte dela mesma se apresenta como possibilidade de conter e reverberar a luminosidade.

Tal como o ecrã que emite luz, essas pinturas tentam replicar este fluxo luminoso do interior para o exterior. Elas querem ser por si só luminescentes.

Bela Lachter.




bio
Gil Madeira (1988)
Vive e trabalha no Porto.
Licenciado pela Faculdade de Belas Artes do Porto prosseguiu estudos na Akademie der Bildende Kunste em Viena.
Na sua prática artística, Gil Madeira procura aproximar a pintura da imagem digital, ou da estética a si associada.

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