Sopa de Pedra #5

noite de performances e celebração do 25 de Abril





A panela da Sopa de Pedra aguarda pelos vossos ingredientes. Quem traz o quê? Digam coisas entretanto para sabermos o que gerir...Boa Sopa e Bom 25 de Abril!::

Sopa de Pedra
Breves comentários

A Sopa de Pedra é um projeto de periodicidade anual desde 2011, ocorrendo de 24 para o dia 25 de abril – sendo o 25 o dia em que se comemora a revolução dos cravos, e no qual em 1974 se colocou um fim ao regime ditatorial de Salazar. É portanto, simbolicamente o dia da liberdade em Portugal, e a noite de 24 a da preparação da revolução e da marcha dos militares para a tornar possível. Como sabemos, para a revolução foram necessários diversos “ingredientes” entre os quais: luta, mobilização, cooperação, coragem, e esperança, desaguando num momento de celebração coletiva.

A Sopa de Pedra nasceu a partir destes princípios, apresentando-se consequentemente com um modelo de mobilização de artistas para uma organização de responsabilidade partilhada, com autonomia dos seus participantes, desenvolvendo-se processos de cooperação e celebração. A lenda de uma Sopa de Pedra, conseguida por um frade junto de uma comunidade – que pela sua própria fome fez crescer nessa comunidade a importância da partilha e cooperação – surge neste âmbito como uma metáfora para o artista e os seus cúmplices. A Sopa: a sua produção comunitária, confecção e degustação, a par da apresentação de trabalhos artísticos de um coletivo de artistas, funciona como epicentro e catalisador deste momento singular – à margem dos roteiros mainstream e filauciosos na cidade do Porto desde então. A liberdade e a responsabilidade caminham aqui juntas e os resultados vão desde as mais estimulantes propostas criativas, situações mais decadentes, até a debates sobre a própria necessidade das revoluções e dos seus resultados – tudo parece poder acontecer, pois o processo da Sopa de Pedra é aberto, dinâmico e complexo.

A coordenação dos Ateliers Mompilher (2011–2013) na rua da Conceição, Porto (espaço onde nasceu este projeto) esteve agregada ao grupo de artistas residentes: Alexandre A. R. Costa, Jorge Fernando dos Santos, Miguel Seabra, sendo que a Sopa de Pedra surge por iniciativa destes. Após a realização nos Ateliers Mompilher, apresentou-se este projeto uma quarta vez no Espaço Maus Hábitos a convite do Ao Monte aquando da série de exposições organizada em torno de coletivos de artistas influentes na dinamização artística e cultural nesta cidade ao longo das últimas décadas. Esta quinta edição em abril de 2017 acontece no Espaço do Círculo Católico do Porto, desde o convite dirigido pelos seus membros diretivos.

Nos Ateliers Mompilher, os resultados observáveis que surgiam de todo o processo comunitário e emergente de organização, cooperação e circunstância multidisciplinar (Performance, Instalação, Vídeo-Arte, Cinema, Música entre outras linguagens) podia estender-se através de uma exposição por um período que não apenas o daquela noite. Um sistema de organização emergente entre os artistas residentes dos Ateliers Mompilher e os artistas exteriores a este espaço era deste modo cumprido.

Quanto aos apoios para a realização da Sopa de Pedra sempre foram conseguidos através da partilha e esforço de todos os participantes. Por exemplo, no centro do evento estaria a elaboração da sopa de pedra, para a qual cada visitante, cada artista participante, colaborava, trazendo uma batata, uma couve, uma cenoura, uma cebola, uma panela, uma varinha mágica, ou colheres e malgas... Da mesma forma, se conseguiram os meios técnicos e logísticos. O modo de produção do evento definiu-se por essas relações estabelecidas entre todos os participantes, fazendo emergir um género de composição orgânica sem hierarquização curatorial, relevando-se a comunidade, a sua determinação e força. Neste projeto, existe um espírito de união, promotor de um sentimento de cocriação, do fazer saber, sendo que a entreajuda e a cooperação leva ao desejo natural da apresentação de todas as propostas individuais ou colaborações presentes, e de um momento de celebração e profunda reflexão simultâneas.

Em 2011, nos Ateliers Mompilher, em torno de uma sopa “comunitária” emergia um sentido de consciência do artista e dos seus pares – de responsabilidade social (política) – que se movia então de forma crítica à ausência de incentivos às práticas artísticas, aos artistas e de políticas culturais (substancialmente na cidade do Porto). A adesão comunitária, com uma participação não apenas da comunidade artística, revelou-se profícua e demostrativa da pertinência desta situação local e nacional.Hoje, passados seis anos do início da Sopa de Pedra, após tantas e rápidas transformações nesta cidade, em Portugal, na Europa e no Mundo, como estamos nós os artistas, a sociedade e as nossas vidas?

Alexandre A. R. Costa, Abril 2017:

:ONDE E QUANDOGaleria do Sol / CCOP
Segunda-feira, 24 de Abril::

PROGRAMA19h-24h
Cinema / Vídeo Arte / Performance
Concertos20h30
Sopa de Pedra::

ARTISTAS PARTICIPANTES
Alexandre A. R. Costa
André Fonseca
António Azenha
António Lago + Susana Chiocca
Carmo Azeredo + Carolina Grilo Santos
Francisco Babo
Francisco Laranjeira
Francisco Venâncio
Hugo Soares
João Bonito
João Gigante
João Ricardo
Jorge Fernando dos Santos
José Alves de Sousa
José Oliveira
Leonor Costa
Luísa Abreu
Manuela dos Campos
Manuel Santos Maia
Maria Côrte-Real
Miguel Seabra
Nils Meisel
Vítor Lago Silva

::ORGANIZAÇÃOAlexandre A. R. Costa, Jorge Fernando dos Santos e Miguel Seabra
+
Rua do Sol

Running on Cargo